A história do intenso Derby de Madrid

Lucas Silva
4 min readMay 22, 2022

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O maior clássico do futebol espanhol é o grande “Él Clásico” entre Real Madrid e Barcelona. No entanto, podemos dizer que o o segundo clássico de maior relevância em solo espanhol é o Derby de Madrid, entre Real Madrid e Atlético de Madrid. A rivalidade entre blancos e colchoneros é intensa na capital Madrid. Mas como Atlético de Madrid e Real Madrid se odeiam tanto?

O COMEÇO

O Madrid Football Club nasceu em 6 de março de 1902. Pouco mais de um ano depois, em 26 de abril de 1903, surgia um outro clube na capital, o Athletic Club Sucursal de Madrid. Os dois clubes possuem origens distintas, embora nos dias atuais, não se aplicam mais.

O Real é um clube com origens ligadas à realeza espanhola e com as classes mais ricas da Espanha. Hoje, o clube já abrange camadas mais populares. O Atlético é ligado às classes operárias da cidade de Madrid. Hoje, até o rei Filipe VI é declarado torcedor colchonero.

Ainda nas origens, o Madrid fazia fusões com clubes menores, além de contratar os melhores jogadores de outros times, rapidamente se tornando uma força dominante. A exceção foi o Athletic Madrid, graças ao amparo financeiro de seu “pai”, o Athletic Bilbao.

O primeiro confronto entre as equipes foi realizado em 2 de dezembro de 1906, 116 anos atrás. No chamado Campeonato Regional Centro, os merengues venceram por 2 a 1. A partir de 1920, com a honra da coroa e do título “Real” concedidos ao Madrid, a rivalidade aumentou.

Isso porque muitos torcedores dos clubes que haviam desaparecido devido a fusão com o ‎‎Real‎‎ tornaram-se torcedores rojiblancos, muitos‎‎ abrigando antipatia pelo clube ‎‎merengue‎‎ e desencadeando a rivalidade. Mas no campo, os blancos tinham a dominância quanto ao rival.

DURANTE E DEPOIS DE FRANCO

Passada a Guerra Civil Espanhola em 1939, a ditadura de Francisco Franco buscava se legitimar no poder e o futebol foi o instrumento usado pelo regime. O Athletic Madrid, antes do Real Madrid, foi usado como clube do regime.

Mas vejamos o cenário dos madrilenos: o Madrid teve que tirar o Real de seu nome, seu presidente teve que ser exilado e seu estádio quase destruído. O Athletic perdeu membros, mortos no conflito, se afundou em crise e precisou se fundir com o Aviación Nacional.

Como Athletic Aviación Nacional, puro instrumento do franquismo, o time retornou a La Liga e logo foi bicampeão espanhol, nas temporadas 1939/40 e 1940/41. Porém, o Athletic Aviación não se tornou uma hegemonia e o vínculo com o governo se rompeu em 1946, pós-Segunda Guerra.

Os laços do regime foram para o Real Madrid, quando, em 1943, Santiago Bernabéu assumiu a cadeira de presidente. Publicamente, Bernabéu nunca declarou seu apoio a Franco, embora o mesmo tenha sido ex-soldado do mesmo. O Athletic se tornaria oficialmente Atlético de Madrid.

A partir daí, o abismo entre os clubes foi crescendo: o Real se tornou a potência europeia e mundial que conhecemos, o Atlético se limitava a conquistas mais pontuais, passou por crise, um rebaixamento e voltou a surgir como um “incômodo” para os merengues já nos tempos atuais.

NA ERA SIMEONE

Diego Simeone é um dos responsáveis pelo crescimento do Atlético de Madrid nos últimos dez anos, trazendo mais relevância ao clube colchonero com algumas boas campanhas na Champions League, títulos da Europa League e a conquista de dois espanhóis.

Talvez justamente no período Simeone que a rivalidade entre essas duas equipes voltou a aumentar, com vitórias rojiblancas sobre os merengues, no saudoso Vicente Calderón, seja no moderníssimo Wanda Metropolitano. Mas, as principais conquistas foram para o Madrid.

É impossível não falar da final da Champions League de 2013/14. Em Lisboa, o Atlético de Madrid vencia por 1x0 quando, aos 93min, Sergio Ramos fez o gol do empate. A primeira Champions escapou das mãos do Atleti, que levou a virada na prorrogação e terminou com o vice.

Dois anos depois, na temporada 2015/16, teríamos a revanche no San Siro. Dessa vez o Madrid saiu na frente e no 2ºT o Atleti empatou. No entanto, nos pênaltis, Keylor Navas brilhou e Cristiano Ronaldo decidiu o jogo. 11ª taça para os blancos.

Nos números totais, são mais de 200 jogos entre as equipes, sendo 107 vitórias merengues contra 52 colchoneras, fora 48 empates. Como vimos, o abismo na rivalidade se dá por conta do tamanho descomunal do Madrid.

O poderio financeiro fazem a balança pender para os blancos. As derrotas sentidas e diferença entre as equipes nutrem o ódio do torcedor colchonero pelo vizinho. Mas não dá para negar, que apesar das diferenças, este é um dos grandes clássicos do futebol mundial.

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Lucas Silva
Lucas Silva

Written by Lucas Silva

Jornalista. São Paulo, Brasil. Passagens por Torcedores.com, Esportudo e Bolavip Brasil.

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