Centavos sobre a temporada: Corinthians e sua mania de se apegar em passado e gratidão

Lucas Silva
4 min readOct 4, 2023
"Eu só espero que não me vendam ao Zenit por uns centavos" A gente também torce para que não aconteça

É meia-noite de uma quarta-feira onde, depois de ver o Corinthians ser eliminado novamente de uma competição onde o time não consegue jogar minimamente bem, sofre e é derrotado justamente por uma equipe melhor, mais organizada, mais competitiva. Rivais zombam, torcedores ficam putos, memes e áudios em toda e qualquer rede social são compartilhados.

Muito antes dos dois jogos contra a equipe do Fortaleza (e que merecem muito esse título da Sul-Americana), eu já fazia minhas apostas no clube nordestino para ser campeão da competição, pelo carinho que tenho pelo tricolor do Pici e por amigos torcedores.

Pior que ficar completamente puto da vida por mais uma derrota é estar conformado com a situação que não mostra sinais de melhora.

2023 é o desfecho de uma das piores gestões que o torcedor corintiano pode presenciar em sua história (ou pelo menos neste século). O ano ainda não acabou, é bem verdade, e tudo pode piorar em caso de descenso. O Corinthians é gigante como instituição a ponto de bater semifinal de Copa do Brasil e Sul-Americana num ano em que se esforçou muito para fracassar, como bem disse o colega Vitor Canedo.

Sentindo o “cheirinho” de fracasso: Duílio Monteiro Alves

A gestão de Duílio Monteiro Alves, que esboçou coisas “boas”, caminhou, decolou e aterrissou para a verdadeira tragédia que é este time disfuncional dentro e fora de campo, num clima de caos político e com eleições que não garantam um futuro esperançoso. Duílio é extremamente rejeitado por grande parte da torcida, tomando péssimas decisões, fazendo péssimas negociações, o que aumenta cada vez mais a sua impopularidade.

Foi a gestão Andrés Sanchez-Duílio M. Alves (o que podemos extender para toda a chapa “Renovação e Transparência) que gastou mal em contratações que não renderam, que trouxe jogadores veteranos que não rendem mais, que vendeu bons jogadores a preço de banana, além de escolher péssimos técnicos.

Cássio não merece tamanho vexame por tudo o que representa no clube, mas se vê a necessidade de renovar. Fagner tem atuações muito questionáveis e já foi banco durante o ano. Gil e Fábio Santos, que um dia foram partes importantes de um time que jogava bem, hoje não tem a regularidade.

O lateral, por sinal, é um dos mais criticados do time e tem sim a culpa de péssimas atuações pois a própria diretoria não consegue contratar uma opção boa para um jogador de 38 anos (!). Nem Matheus Bidu se provou capaz de ser titular.

Estrela solitária. Talvez não vejamos mais o velho Renato Augusto que todos amam. Dói.

Fausto Vera, o homem de 40 milhões, hoje nem no banco é relacionado. Renato Augusto, talvez um dos poucos que não mereça ser tão xingado, já mostra que não é mais o mesmo, apesar de salvar o time diversas vezes. Romero não merecia ter vindo (por mais que este que vos escreve tenha admiração), Rojas não mostra constância e Yuri Alberto vive de lua com alguns gols e atuações, mas a temporada é bem abaixo do que se esperava.

Muita coisa passou e se perdeu em dez anos: péssimas contratações, dívida absurda, técnicos tenebrosos e desempenhos patéticos em competições afundam um time que não levanta uma taça desde 2019 (e um título de expressão desde 2017).

O Corinthians está apegado ao passado. Até contratando técnicos você consegue notar isso: Luxemburgo, “quase” trouxe Tite, veio Mano Menezes. É preciso sempre lembrar que foi Duílio Monteiro Alves é responsável por trazer um dos nomes mais excruciantes da história, que subverte tudo o que o clube significa. E trouxe sabendo da rejeição da torcida.

Todo o recomeço precisa de um fim, para o bem ou para o mal.

Gratidão não gera títulos e se prender no passado resulta um futuro problemático. O Corinthians precisa entender isso.

O Corinthians precisa abrir mão desses ciclos para poder se reconstruir. Todo o recomeço precisa de um final. E justamente, a parte mais difícil do fim, é recomeçar. Pode doer para todos ver grandes ídolos irem embora? Sim. Mas apesar disso e pode ser frieza minha, mas os jogadores vem e vão.

O que vemos hoje é uma fração muito minúscula do que um dia o time foi na década passada. Mais do que sem posição x, y ou z, o Corinthians perdeu sua raça, seu apoio, sua fé, sua identidade.

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Lucas Silva
Lucas Silva

Written by Lucas Silva

Jornalista. São Paulo, Brasil. Passagens por Torcedores.com, Esportudo e Bolavip Brasil.

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