Corinthians, processos e o futuro: qual o cenário daqui para frente?

Este é o único texto que vou falar de futebol brasileiro neste espaço. E que fique bem claro que este também é um texto que exponho a minha opinião. Se você discorda, fique à vontade para comentar, de maneira educada.
O Corinthians saiu derrotado do Maracanã e terminou com o vice-campeonato da Copa do Brasil. É o segundo vice em quatro anos (2018 vs. Cruzeiro) de um torneio que não ganha há 13 anos (2009 vs. Internacional). Perdeu contra um dos melhores times do país nesta transição da década de 2010 para 2020: o Flamengo.
Mesmo com candidato à presidência dizendo que o time iria “amassar” o rival, mesmo com torcedores querendo cravar tal minuto de jogo em que algo relevante poderia acontecer, nem mesmo a Taylor Swift conseguiu fazer do alvinegro paulista tetracampeão (mesmo que sua “mística” esteja, tecnicamente, intacta).
Porém, derrotas do jeito que acontecem, machucam torcedores. Lágrimas e raiva de verem um jogo que poderia ter sido decidido nos pênaltis ou por conta de um lance no jogo de ida (mas não vale entrarmos nesta discussão). E agora?

Projetos.
Projetos não dão resultados da noite pro dia. É preciso muito trabalho, muita paciência e persistência. Times campeões são moldados com dores de aprendizado e decepções. O Flamengo e o Palmeiras, neste século, são exemplos disso.
O Flamengo passou aperto financeiro e precisou segurar as contas na gestão Bandeira de Melo para que, a partir de 2018, pudesse montar a base de um time que conquistaria o Brasil e a América nos anos seguintes. O Palmeiras se reestruturou com Paulo Nobre, apanhou e com a formação de um grande projeto e um bom aporte financeiro, retomou o espaço no cenário brasileiro.
Uma coisa é bem clara quando falamos de futebol: ele é feito de ciclos. E o ciclo do Corinthians depois de 2017 tem sido uma montanha russa de emoções: Osmar Loss, Thiago Nunes, Fabio Carille, Dyego Coelho, Vagner Mancini e Sylvinho.
Contratações sem sentido, jogadores que não renderam absolutamente nada (e a lista é, de todas as formas, encabeçada por um certo Rei da América e um atleta Premier League), flerte com Z4 em 2018, vice-campeonatos. Não havia nenhum projeto neste período. Nenhuma perspectiva, nenhum sinal de processo que podia melhorar as coisas.
Times campeões são moldados com dores de aprendizado e decepções.
Imediatismo.
Em live com amigos sobre futebol americano, eu destaque uma coisa sobre como levamos o imediatismo do futebol para outro esporte quando se trata de montar uma equipe campeã e desenvolver um atleta calouro: “O imediatismo é um mal em todos os esportes”.
Quando Vítor Pereira assumiu o cargo de treinador do clube, muita gente esperava que ele pudesse elevar o patamar do Corinthians a bater de frente com seus rivais. Até porque a gestão de Duílio Monteiro Alves foi atrás de nomes de peso, além de reforçar questões extracampo.
Talvez o pensamento de que ele pudesse ser como seu compatriota iludiu e/ou decepcionou a muitos nesta caminhada. As polêmicas de panela e algumas derrotas humilhantes mudaram a chave de um time que se esperava mais em 2022. Sim, todos esperavam mais do Corinthians.
Mas, nem sempre funciona da maneira que a gente quer. Não se molda times campeões da noite para o dia. Dores de crescimento são necessárias. Eu sei, torcedor, ninguém gosta de perder, de ser eliminado ou de perder um título. É do esporte, faz parte, não se ganha todas.

Peças.
O cenário pós-derrota não é de terra arrasada, mas se sabia que, desde que o Flamengo virou essa máquina de jogar futebol, não seria fácil. Poderia sim ter ganho, mas não foi o caso.
Vítor Pereira teve suas dores de amadurecimento, ao entender a dificuldade de se jogar no futebol brasileiro, o desgaste de viagens e jogos por conta de um calendário muito apertado. Conseguiu dar mais cara de seu jogo a este time. Aproveitando a boa fase de caras como Renato Augusto, Róger Guedes e Yuri Alberto.
Os próprios jogadores também têm suas dores: Róger se tornou o 10 do time, Renato e Giuliano são veteranos, entendem a pressão e verdadeiros articuladores. Fausto Vera caiu como uma luva com a lesão de Maycon, Gil parece ter encontrado uma boa constância. Yuri se tornou o 9 que o clube tanto queria depois do vexame de Jô.
É claro, há baixas e oscilações: Paulinho sofreu lesão séria, Du Queiroz se encontra como “alvo” de críticas após seu bom momento sumir, Adson, Maycon, Mosquito e Júnior Moraes… mais exemplos.
“O imediatismo é um mal em todos os esportes”.
Futuro.
A necessidade é de rever o elenco e profundidade de opções, de manter o técnico português e renovar com quem precisa ficar.
É nítido que há um projeto no Corinthians e que este projeto tem margem para melhorar. Todos nós, é bem verdade, temos nossas críticas ao treinador português. Talvez, mantendo-o, desde o início, para que o mesmo faça o planejamento do clube, as coisas possam melhorar.
Uma outra coisa que pode empolgar torcedores são os meninos da base, que tem potencial para se destacar entre os titulares. Opções há e é dever do clube moldar e blindar tais jogadores.
Eu sei, ninguém gosta de perder e tá todo mundo triste pelo resultado. Mas há projeção. Como eu falei, clubes campeões são moldados com dores de crescimento e decepções. Nos molda como pessoas, aprendemos com nossos erros, para podermos fazer diferente. Nem tudo está perdido.
Amanhã há de ser um novo dia. E nisso nós seguimos.