HISTÓRIA, 2019 — Aduriz e a última pintura na Catedral
16 de agosto de 2019. San Mamés, Bilbao, País Basco. Minutos finais da 1ª rodada de La Liga entre Athletic Bilbao e Barcelona. Seria um jogo comum se não fosse por um personagem e um lance. Segue o fio.
DERROTAS
Ser torcedor do Athletic Bilbao no séc. XXI tem sido… complicado. Os bascos venceram o doblete na temporada 1983/84. De lá pra cá, os Leones conseguiram montar times competitivos para se manter entre os líderes de La Liga.
A lista de nomes é grande, mas só para ter exemplos: Julen Guerrero, Etxeberria, Ismael Urzaiz, Aitor Karanka, Carlos Gurpegui, Fran Yeste, Ernesto Valverde entre tantos outros passaram pelo clube em busca de títulos.
Nesse meio tempo, o Athletic perdeu algumas finais de Copa do Rei e perdeu a final da Europa League de 2011/12 para o Atlético de Madrid. Mas houve vitórias também: a conquista da Supercopa do Rei em 2015 em cima do Barcelona.
E falando em Barcelona, o adversário desta rodada de abertura de mais um Campeonato Espanhol seria, como de costume, uma dor de cabeça para os jogadores e torcedores bilbaínos.
VITÓRIAS
Desde que um certo baixinho argentino surgiu de La Masia, a história do Barcelona e do futebol nunca mais foram as mesmas. Messi quebrou alguns recordes estabelecidos por jogadores do Athletic em La Liga, como mais gols e mais troféus Pichichi.
Barcelona e Athletic Bilbao já se encontraram diversas vezes. Alguns dos lances mais memoráveis de Ronaldinho e um dos gols mais antológicos de Lionel Messi foram em cima do clube basco.
Em 2019, o clube catalão passava por algumas mudanças, com o trio MSN já deixado para trás e outro técnico à frente do clube. Um nome conhecido do torcedor athleticzale: Ernesto Valverde. Txingurri assumiu o cargo em 2017, após a saída de Luis Enrique.
Naquela janela, o grande nome que chegou ao clube blaugrana era Antoine Griezmann, outro velho conhecido do Athletic. O francês, revelado na Real Sociedad e ídolo no Atlético de Madrid seria o novo companheiro de Messi no ataque.
O PERSONAGEM
Ok, por qual motivo esse jogo merece um texto? É um jogo normal, é apenas uma abertura de campeonato. Por que tanto foco em um jogo comum? É por causa de um personagem, o protagonista da história. Este homem. Aritz Aduriz.
Nascido em Donostia-San Sebastián, Aduriz chegou ao Athletic Club em 2000, ainda pelo Bilbao Athletic. Em 2002 passou pelo profissional, mas voltou no ano seguinte ao time B. Rodou por Burgos e Valladolid até retornar em 2006.
Após sair em 2008, passou por Mallorca e Valencia até retornar a Bilbao em 2012. Aduriz foi um daqueles jogadores que ganhou maior notoriedade acima dos 30 anos. Sua média de gols melhorou durante sua terceira passagem pelo Athletic.
No meio de uma liga de las estrellas, Aduriz talvez não teve os holofotes tão voltados para si, mesmo ganhando convocações na Espanha de Vicente Del Bosque em 2016. Ele chegou a se tornar o jogador mais velho a marcar um gol pela seleção, com 35 anos e 275 dias.
Mas da torcida athleticzale, ele recebeu todo o reconhecimento e ovações que merecia ainda em atividade. Vestiu a camisa com enorme paixão e se tornou um ídolo contemporâneo para os bascos.
Contudo, o corpo começou a sentir as dores. Aduriz ainda participou de mais de 30 jogos em La Liga na temporada 2017/18, mas de 16 gols na temporada anterior, foram somente nove gols.
Em 2018/19, sofreu uma lesão no joelho que o tirou de boa parte da temporada. Foram 20 partidas e dois gols. O tempo foi um adversário implacável e para a temporada 2019/20, aos 38 anos, disse que seria a sua última.
O camisa 20 considerou não jogar aquela temporada, mas resolveu mesmo assim. Do banco, viu um jogo equilibrado. No primeiro jogo de Griezmann com a camisa culé, o time de Ernesto Valverde não contou com Messi, Coutinho e perdeu Suárez ainda no 1ºT.
Mesmo com baixas, o segundo tempo do jogo viu pressão do Barcelona, que ameaçava o gol de Unai Simón com perigo. Os donos da casa perderam algumas chances com Raúl Garcia e Iñaki Williams.
86 minutos de jogo. Empate em 0 a 0. O técnico Gaizka Garitano resolve promover Aduriz no lugar de Williams. Naquela altura, todo o San Mamés fazia o seu melhor, empurrando o time em busca de um gol numa bela noite em La Catedral.
Nem Aduriz, nem ninguém sabiam naquele momento que seria seu último gol. Um clássico instantâneo em La Liga. Em uma temporada que teve complicações por conta da COVID e a aposentadoria, Aritz Aduriz pode dar um último presente ao torcedor do Athletic Club.
Uma lembrança de quem deu tantas alegrias ao torcedor, uma última pintura em La Catedral.
